31 de outubro de 2008

Neotropicalia - When Lives Become Form





Fachada do Museu de Artes Contemporânea de Tokyo agraciada com obra da brasileira Beatriz Milhazes





Tão triste falar de uma exposição que você não foi, ou como é o caso, não vai poder ir. Mas tentando deixar a tristeza de lado, vou falar desta que começou no dia 22 de outubro e vai até 12 de janeiro chamado Neotropicalia - When Lives Become Form no Museu de Arte Contemporânea de Tóquio.

Bom, a Tropicália tem dado o que falar nos últimos tempos porque vez ou outra a gente sempre ouve falar de uma exposição aqui e outra ali, por um lado é bom porque acaba trazendo visibilidade também para outros artistas brasileiros da atualidade. Porque uma hora é o Helio Oiticica exposto em Londres, depois OsGemeos e Nunca que pintam a fachada do Tate Modern... Muito bacana!! Mas acho que essa expressão já está ficando um pouco amarrotada, tropicália... Parece que querem nos enterrar na tropicália quando ao contrário, acredito que evoluímos através da tropicália. Por isso acho um tanto quanto equivocado esse título Neo-Tropicália, devia ser algo como Do Brasil- Tropicália e Muito Mais, ou Da Tropicália ao Atropical...

Acho tão falsa essa imagem, parte por culpa nossa, eu sei, de que moramos num país tropical abençoado por deus e bonito por natureza... Mas que beleza!! E que somos só cores saturadas!! Aqui não existe só o Carnaval, caramba!!

Bom, mas a seleção dos artistas é bem interessante!! Vai desde o criador do tropicalismo Helio Oiticica, junto com as suas contemporâneas Lygia Pape e Clark, Arthur Bispo do Rosário, entrando no campo da arquitetura com Lina Bo Bardi, Ruy Othake e também Tomie, indo para os designers de moda Isabela Capeto, Ronaldo Fraga, Jun Nakao, passando por Vik Muniz, Beatriz Milhazes e chegando nos artistas de rua, osGemeos, sendo ao todo 27 artistas.

É uma miscelânia incrível de diversas formas de manifestações artísticas da atualidade mas que propositadamente leva os espectadores a se encantarem pelo poder das cores vibrantes. Bom, o que eu quero dizer é que a nossa cultura é diversa e difusa e muito mais rica do que rotulam pelo mundo afora, tendo cada artista a sua peculiaridade!!

O site do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio é triste de ver, por isso o site da exposição é bem mais atraente!!

O espelho do fim dos tempos

Aquele médico anatomista chamado Gunther von Hagens inaugurou mais uma exposição bizarra e medonha chamada Body Worlds and The Mirror of Time. Me recuso a colocar fotos, e talvez não devesse nem comentar, mas a minha indignação é tamanha toda vez que ele faz mais uma exposição, que não consegui me conter!!
Não sei se o que me irrita mais são suas pretensões artísticas ou a sua pseudo-desculpa de que o seu trabalho tenha um fundo educativo.
Somente para fazer um resumo, ele se utiliza de corpos humanos dissecados através de uma técnica inventada por ele chamada plastinação, retirando todos os fluidos do corpo e substituindo por silicone, para fazer esculturas.
Sem entrar na questão ética ou em como ele consegue os corpos, se é de forma lícita ou não, e mesmo sem ter tido o desprazer de "prestigiar" uma de suas exposições, o que também nunca irá acontecer, portanto baseado somente em fotos e o impacto que elas já me causaram eu preciso registrar que essa espécie de trabalho, sem valor artístico tampouco educativo, é algo completamente desnecessário. É simplesmente grotesco, vulgar, um verdadeiro show de horrores que me parece ter somente a finalidade de atrair holofotes e inflar o ego desse pretenso médico-artista.