14 de novembro de 2009

Trabalho Descrição V

Exposição: Henri Cartier-Bresson: Fotógrafo

Local: Sesc Pinheiros - São Paulo




Obra analisada: Istambul, 1964. Acervo da Agência Magnum.

Artista: Henri Cartier-Bresson


Uma banal cena urbana: pessoas descendo uma escadaria, é transformada em uma ótima foto! Este é um exemplo de como a genialidade e aguçada percepção de um artista transforma uma paisagem nada especial em uma belíssima e primorosa composição. Explorou-se a sinuosidade da escadaria. A fotografia tirada de um ângulo na diagonal, valoriza as curvas por quebrar a monotonia das proporções que seriam registradas caso a foto fosse tirada de frente. Além disso, criou-se uma harmonia geométrica com duas linhas paralelas no centro. O corrimão das escadarias à esquerda e à direita formam um ziguezague, cujo efeito é ainda enfatizado e equilibrado com o posicionamento das quatro pessoas que também formam um ziguezague quando mentalmente interligadas. Certamente esta cena-paisagem passaria desapercebida por qualquer um de nós!


Trabalho Descrição IV

Exposição: Matisse Hoje

Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo




Obra analisada: Odalisca com calça vermelha, 1921. Óleo sobre tela. Museu Nacional de Arte Moderna, Centre Pompidou.

Artista: Henri Matisse


A figura principal, uma mulher semi-nua deitada sobre um acolchoado, atravessa o quadro criando uma diagonal do canto inferior esquerdo para o superior direito. Nessa análise de uma primeira divisão do quadro, há praticamente um equilíbrio entres as partes divididas. Já numa segunda suposta bipartição do quadro, atravessando-o com uma linha horizontal que passaria bem ao meio, na altura do umbigo da personagem, podemos verificar um destacado contraste entre as duas metades. Na parte superior, a delicadeza da pose e do olhar da mulher está em harmonia com o fundo da parede decorado em tons frios criando uma atmosfera serena. E na parte inferior, há um predomínio de cores quentes, principalmente do vermelho vivo que cobre todo o chão e que é também a cor da calça em estilo oriental que veste a figura feminina. A escolha desse mesmo vermelho tanto para representar a calça quanto o chão dilui o efeito chamativo que o vermelho criaria se estivesse somente na calça, ao mesmo tempo em que possibilita que este detalhe não deixe de ser importante. Além disso, esse contraste das cores realça a leveza da cena na parte superior.


Trabalho Descrição III

Exposição: O Cubismo e seus entornos nas coleções da Telefônica.

Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo.




Obra analisada: A roupa, 1912. Óleo sobre tela, 99 x 75 cm.

Artista: Natalia Gontcharova


Extremamente vigorosa na apresentação do seu conjunto de elementos, esta obra é considerada cubista mas também possui elementos futuristas, outra forte influência desta artista. O círculo, peça de um maquinário, presente próximo ao canto inferior esquerdo do quadro representa a exaltação do desenvolvimento tecnológico. Outro elemento de destaque é uma granada explosiva, no canto superior também à esquerda, que pode sugerir uma certa glorificação da guerra já que essa figura é colocada harmoniosamente junto às demais, e até mesmo um ornamento singelo é posto abaixo dela para disfarçar uma certa agressividade inerente do próprio objeto. A vivacidade do quadro advém do jogo entre elementos contrastantes. As cores ora são pálidas, como o azul e bege claros mais ao centro do quadro, e ora fortes, no caso do vermelho das letras e tons de marrons escuro na bomba, e na parte superior e inferior do quadro. O contraste da delicadeza de rendas e bordados com símbolos que representam força e velocidade, formam um conjunto nem um pouco monótono.

Trabalho Descrição II

Exposição: Virada Russa

Local: Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo




Obra analisada: Pente Azul-Escuro, 1917. Óleo sobre tela, 133 x 146 cm. Museu Estatal da Rússia.

Artista: Wassily Kandinsky


Nessa obra abstrata a proposta é sentir o quadro através de suas formas e cores.

Há um predomínio de cores frias, principalmente os vários tons de azul, que criam um cenário de comedida serenidade. Essa não inabalável tranquilidade é sugerida por cores quentes espalhadas moderadamente pelo quadro. O vermelho que entra no quadro no canto superior à direita é rapidamente diluído e rodeado por outras cores. Existe também uma curva laranja bem definida que sustenta o quadro na parte inferior. Além de várias outras manifestações de cores quentes em forma de mancha e borrões. A presença dessas cores irradia uma certa instabilidade, a parte escura no canto superior esquerdo contribui para esse efeito. Ao final desse passeio dos olhos perante a obra que emite pulsões através de cores, brilhos, de linhas e outras formas ora ondulantes, ora ziguezagueantes nossa alma é tomada por uma certa ansiedade positiva e aprazível.



Trabalho Descrição I

Exposição: Luz Noturna
Local: Caixa Cultural São Paulo


Obra analisada: Náufrago, 1927. Xilogravura, 15,5 x 17 cm. Coleção Hermann Kummerly.

Artista: Oswaldo Goeldi


O Motivo principal dessa obra dramática tanto pode ser a morte, a solidão, ou o desamparo representado por um náufrago moribundo ao centro da cena. Sua figura cadavérica é representada por grossas linhas que delineam a cabeça, os braços, o corpo, e uma perna. Seu crânio, corpo e pé são preenchido por linhas estriadas que sugerem um esqueleto. Estirado ao longo do precário e pequeno barco no qual se encontra, homem e embarcação formam um único elemento principal sorumbático. Suas duas mãos mergulhadas na água e a boca aberta sugerem sede, e consequentemente sofrimento. Finas linhas delineam as formas de casas, prédios ou barracões ao fundo da imagem.