29 de janeiro de 2008

My Mail Art

Relembrando as saudosas cartas e como era o nosso antigo sistema de correspondências (até parece que já morreu, né? Mas é que eu e todo mundo que conheço praticamente não usa mais!!) quando ainda nem sonhávamos com o rápido e prático email, lembrei que eu e minhas amigas na infância criamos uma forma de Mail Art. Naquele tempo em nosso mundo ainda não existiam fronteiras, e muito menos limites para a nossa imaginação.

Nós éramos em quatro e todos os dias mandávamos cartas uma para a outra relatando os fatos ocorridos naquele dia. E apesar de já saber tudo o que a outra tinha para contar, nos divertíamos lendo a versão das mesmas histórias sob quatro pontos de vista. Com direito a desenhos ilustrativos, papéis de carta de todos os formatos, e envelopes muitas vezes improvisados, contanto que o cara do correio não implicasse.

É claro que essa brincadeira tinha um custo, e para não pesar tanto no bolso começamos a "fazer arte" também nos selos. Desenvolvemos uma técnica de apagar o carimbo do correio e reciclar os selos para serem usados pelo menos duas ou três vezes. Mas passado um tempo na minha cidade do interior, marcadas e mal-compreendidas fomos tratadas como foras-da-lei. Depois de uma repreensão verbal nos foi cobrado multas que excediam o valor do selo reutilizado.

Eramos crianças porém não sonsas, então encontramos uma outra forma de burlar o sistema dos correios. As quatro possuíam caixa postal, então ao invés de pôr a carta na caixa do correio, colocávamos direto na caixa postal da pessoa que era o destinatário (acho que isso nem deve ser ilegal, né?). Bem, dessa forma continuamos com nossas correspondências diárias e passamos a não precisar comprar mais selo algum.

Peraltices a parte, foi uma fase muito divertida e admiro muito pessoas que conseguem manter esse espírito mesmo depois de adulto. Pois quero acreditar que se estamos aqui precisamos extrair o máximo do mundo, das coisas, das relações, da vida. Falo assim de divertimento, de prazeres, mas de prazer que gera sempre mais prazer (e não dor). Quando as brincadeiras de adulto começam a ficar perigosas é melhor parar, voltar a ser um pouco mais criança e relaxar.

24 de janeiro de 2008

Y.O. Desde 60...


John Lennon uma vez disse que Yoko Ono seria "a artista desconhecida mais famosa do mundo: todo mundo sabe o seu nome, mas ninguém conhece o seu trabalho". Acho que para as pessoas da minha geração, essa frase continua valendo. A referência é ter sido casada com John Lennon e a imagem mais marcante sobre Yoko Ono é daquela pobre viúva que perdera "o marido" famoso, jovem e notável de forma tão trágica.

Conhecia alguns de seus events como o Bed-In, a performance Cut Pieces, que ela reviveu em 2003 em Londres e também seu envolvimento com música, que no início de sua carreira foi o que a aproximou dos artistas que viriam a formar o Fluxus. Mas foi interessante conhecer mais de suas obras, apesar de muitos dos seus trabalhos que eram interativos terem perdido essa qualidade por conta de preservá-los melhor.

Se interar um pouco da biografia também ajuda a compreender melhor o seu trabalho. Mesmo nascida em uma família abastada do Japão, isso não impediu que ela sofresse na pele as agruras da guerra, o que acredito tenha sido uma das influências da fase ativista-político de sua carreira.

Foi uma boa oportunidade, para eu aqui no Brasil, conhecer um pouco mais das obras de Yoko. Alguns críticos dizem que ela já saiu da vanguarda ha muitos anos, mas isso não tira o mérito da sua carreira. Além do mais, ela segue viva e produzindo, e recebendo prêmios, ou seja, colhendo seus louros.


Pra ler algo sobre a exposição Yoko Ono- Uma Retrospectiva:
http://bravonline.abril.com.br/indices/artesplasticas/artesplasticasmateria_258101.shtml

FLOW FLUX FLUXUS

Há duas exposições acontecendo em São Paulo dos artistas Yoko Ono e Tatsumi Orimoto e que tem tudo a ver com esse post porque vamos falar do Fluxus.

Na década de 60 um grupo de artistas de diferentes países (na Europa principalmente Alemanha, Japão, Korea e EUA) e de diversas alas artísticas como artes visuais, música, literatura, arquitetura e design se conheceram e uniram forças para mostrar um trabalho diferente.

Em suas origens, a música experimental de John Cage* (1912-1992, também integrante do grupo) na década de 50 influenciou o artista lituano George Maciunas** (1931–1978) que foi uma espécie de líder e organizou o primeiro evento do Fluxus em 1961 na AG Gallery em Nova Iorque, e o primeiro festival na Europa em 1962.

O Fluxus foi a descoberta de uma nova forma de se ver o mundo. Com algumas influências do dadaísmo (1916-1920) como a estética anti-arte que contesta a sua essência, e uma forte corrente anti-comercialista contra as convenções que guiavam o mercado das artes. É a favor da prática criativa centrada no artista e não nos ganhos comerciais.

Ressalta o valor das coisas simples do cotidiano sob um olhar em parte infantil, curioso, contestador, mas que busca o prazer de se divertir. Foi e é um grupo de artistas que partilham e se deleitam dessa mesma descoberta, da visão do mundo sob uma nova perspectiva.

Resumindo, a filosofia artística ou o que pode definir uma obra do Fluxus é que:

1. O Fluxus é uma atitude (não um movimento ou um estilo);

2. O Fluxus é uma intermedia (através de objetos, sons e imagens do dia a dia cria-se novas combinações de objetos, sons e imagens);

3. Os trabalhos do Fluxus são simples (pequenas obras, textos curtos e breves performances);

4. O Fluxus é divertimento (diversão é um elemento sempre muito importante no Fluxus!).

Alguns artistas do início do movimento continuam ativos e eles mantém entre outros esse site de discussão chamado Fluxlist . Um bom lugar pra começar pra quem quer saber um pouco mais sobre o Fluxus.

A Child´s History of Fluxux, by Dick Higgins é um texto muito fácil (como o nome diz, é para crianças) e interessante que está no site Fluxlist.

(*) John Cage: Compositor norte-americano que entre muitas outras obras e feitos que vão além da música é famoso por criar a composição 4´33´´, onde não existe sequer uma nota a ser tocada.
(**) George Maciunas: É quem cria uma das formas de arte mais conhecidas do Fluxus que são os chamados Flux Box ou Fluxkit.

Ambos tiveram vidas interessantíssima então pretendo falar mais desses artistas numa outra oportunidade.

21 de janeiro de 2008

Como É que Chama o Nome Disso

Arnaldo é um multi-artista ou um artista que não enxerga as linhas que seccionam o campo das artes. Com sua brilhante desenvoltura se expressa por vários meios interligando-os. Músicas, poesias, desenhos, instalações, performances e vídeos fazem parte de sua gigantesca bagagem artística.

Bom, o nome disso?! Esses são alguns de seus poemas visuais!!

11 de janeiro de 2008

Notícias velhinhas...

Depois das provas, das festanças, volto agora em 2008 com força total!!
O tempo não parou como os meus posts e muitas coisas rolaram. Então hoje eu quero registrar dois importantes acontecimentos passados no meu acervo de posts precioso!!

15/12/2007 : Oscar Niemeyer completou 100 anos, caramba?!

E acho essas comemorações maravilhosas porque sempre deixam a gente mais culta sem ter que fazer muito esforço. Agora conheço (tomei conhecimento) dos seus trabalhos na França e soube que ele foi exilado pra lá nos tempos da ditadura. Que ele é comunista e vai ser até morrer, pena ele achar o Fidel e o Chavez bonitos... Ateu apesar de ter construído outras igrejas além da Catedral de Brasília. E que além da França, ele tem seus trabalhos belíssimos espalhados por outros países e por todo o Brasil. Antes disso eu sabia de Brasília, quem não sabe, né? Mas agora sei que aquela biblioteca engraçada (Biblioteca Nacional) também lá em Brasília, ainda cheirando a tinta fresca (inaugurado em 15/12/2006) que eu tive o prazer de ver quando fui pra lá também é obra desse artista que apesar da idade, de gagá ainda não tem nada!! Continua na ativa e não pretende parar. Está cheio de projetos e entre eles um centro cultural na Espanha e um teatro no Chile, é pouco ou quer mais? Em Curitiba ele projetou um museu que agora ganhou o seu nome. E agora eu vou ficar atenta a tudo que eu ver com forma de disco voador e serpente ou como os críticos descrevem formas sinuosas. Pelo Copan eu passei um par de vezes no ano de 2007, agora estou ensaiando minha primeira visita ao Memorial da América Latina. Parabéns atrasado, Niemeyer!!!

20/12/2007 : Roubo no Masp

da Folha online:
"De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), a ação aconteceu entre as 5h09 e 5h12 desta quinta-feira. Três homens realizaram o furto das obras "O Lavrador de Café", obra de 100x81 centímetros de Portinari, e "O Retrato de Suzanne Bloch", de Picasso, quadro de 65x54 centímetros". O roubo ocorreu durante a troca de turno dos guardas e foi favorecido pelas péssimas condições de segurança.

Porém, notícia boa e nem tão velha, essa semana (08/01/2008) os quadros foram recuperados em perfeito estado, voltaram para o museu e depois de todo esse escândalo, hoje o museu foi reaberto ao público.

Dei boas risadas quando li sobre o forte esquema de segurança montado para devolver os quadros ao museu. Nove carros e cinco motos da polícia deslocados para a escolta e um helicóptero da Polícia Civil que sobrevoou a região. Tudo bem que os quadros estão avaliados em 100 milhões, mas precisava de tudo isso? De qualquer forma, agora a batata quente já está nas mãos de outro!! Será que saberemos quem estava por trás do furto? Veja cenas do próximo capítulo!!

E uma última retrospectiva - 09/08/2007 : Roubo de 900 peças do Museu Paulista (Ipiranga) do acervo de moedas e notas de dinheiro.

Maior furto já ocorrido com peças de museu desde o século XX. Veja aqui a matéria na Folha Online e o desfecho até então da história.