HELIO OITICICA (1937-80)
TROPICÁLIA, 1967. Obra inspirada em uma FAVELA. Em forma de um labirinto ele recria um ambiente tropical com plantas, poemas- objetos, areia e araras, mas
não com o objetivo de figurar uma dada realidade nacional. A idéia seria
objetivar uma imagem brasileira pela "devoração" dos símbolos da própria cultura brasileira, como descreve o artista. E de fundamental importância a participação do espectador no processo de penetrar esse ambiente, que segundo o criador invade os sentidos de tato, visão, olfato e audição convidando ao jogo e à brincadeira. Composto por dois elementos, os Penetráveis: PN2 - A Pureza é um Mito e PN3- Imagético.
BÓLIDE, CAIXA 18 1966 - HOMENAGEM A CARA DE CAVALO .
Manifestação de cunho político, foi um protesto ao assassinato do bandido Cara de Cavalo pela polícia em 1964, e que era seu conhecido. Apesar do destaque dado pela imprensa da época, Cara de Cavalo não era um bandido violento que teria cometido grandes crimes e atrocidades. Seu maior azar foi ser culpado pelo assassinato de um destacado detetive de polícia (Milton de Oliveira Le Cocq), numa época em que para lidar com a criminalidade crescente, surgiam os grupos de extermínio como o
Esquadrão da Morte e o lema "Bandido Bom é Bandido Morto". Oiticica depois cria uma bandeira de fundo vermelho com a frase: "Seja Marginal, Seja Herói" com a foto do amigo.
BÓLIDES, 1963-69. Conjunto de obras que ele batizou com esse nome por apresentar o mesmo conceito, o de uma obra estruturada para corporificar a cor. Utiliza vários materiais como caixas de madeira e latas, criando diferentes efeitos de profundidade e luminosidade. Depois inclui vidros, e materiais da vida cotidiana como plásticos e tecidos pintados com o intuito de aumentar a interação do espectador diando dos seus trabalhos. A idéia era tocar e mover os objetos para explorar os diversos efeitos, incentivando uma participação emocional e intelectual do observador. A
Homenagem à Cara de Cavalo também é um bólide, apresentada na exposição com um manto vermelho sobre a foto.
Aqui você encontra vários exemplos compilados numa exposição do
Tate Modern de Londres desde ano. A exposição não se resume somente aos Bólides, então clique também nas outras salas para ver outras obras do artista.
PARANGOLÉS, por volta de 1965 . Posterior aos bólides é o ponto culminante de suas experiências com cores e espaços. Elaborada com camadas de panos coloridos, se revelam somente com o movimento de suas estruturas. Portanto amplia a participação do público que não mais apenas manuseia a obra, mas passa a fazer parte dela. Fruto das experiências do artista com a comunidade da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, foi muitas vezes utilizado por seus integrantes. Alguns levam frases como "Estou Possuído", ou "Incorporo a Revolta", expressando o incorforminsmo e revelando a cumplicidade do artista com os marginalizados.